A febre do Oropouche é transmitida pela picada de mosquitos infectados, particularmente da espécie Culex quinquefasciatus, comumente encontrado em áreas urbanas. Diferente da dengue, que é transmitida pelo mosquito Aedes aegypti, a febre do Oropouche tende a ocorrer em áreas de rios, matas e mangues.
Existem dois tipos de ciclos de transmissão da doença:
Ciclo Silvestre: Nesse ciclo, animais como bichos-preguiça e macacos são os hospedeiros do vírus. Certos mosquitos, como o Coquilletti diavenezuelensis e o Aedes serratus, também podem transportar o vírus. O mosquito Culicoides paraenses, conhecido como maruim ou mosquito-pólvora, é considerado o principal vetor nesse ciclo.
Ciclo Urbano: Nesse ciclo, os seres humanos são os principais hospedeiros do vírus. O mosquito Culicoides paraenses continua sendo o vetor principal. O mosquito Culex quinquefasciatus, comum em áreas urbanas, pode ocasionalmente transmitir o vírus também.
Não é uma missão simples estabelecer de forma precisa as estatísticas regionais dessa doença, uma vez, que seus sintomas se assemelham muito aos sintomas da Dengue, doença que no Brasil atualmente bateu de 6,3 milhões de casos prováveis, record mundial, muito além da argentina que fica em segundo lugar, com aproximadamente 420 mil casos.
Em 2024, 75% dos casos de febre Ouropouche no Brasil foram registrados na região amazônica, com 2.538 dos 3.354 exames detectáveis ocorrendo no estado do Amazonas. A preocupação cresce, pois há casos confirmados ou em investigação em diversos estados, incluindo Bahia, Acre, Espírito Santo, Pará, Rio de Janeiro, Piauí, Roraima, Santa Catarina, Amapá, Maranhão e Paraná. Este cenário alerta as autoridades para o risco de disseminação da doença por todo o país.
Recentemente, no início de junho deste ano de 2024, foram registrados 75 casos no estado de Minas Gerais, na região do Vale do Aço, o que veio a reforçar o temor das autoridades, quanto a espalhamento desta doença pelo restante do território nacional.
Embora ambas as doenças sejam sérias, a dengue é geralmente considerada mais grave devido à sua capacidade de causar formas severas e fatais, além de ser mais prevalente e representar um maior desafio para a saúde pública.
A prevenção contra a febre do Oropouche e a dengue envolve a eliminação dos criadouros de mosquitos e o uso de medidas protetoras individuais:
Eliminação dos focos criadouros: Manter recipientes que acumulam água tampados, limpar calhas, e eliminar pneus velhos e outros locais que possam servir de criadouros.
Uso de repelentes: Aplicar repelentes nas áreas expostas do corpo, especialmente ao amanhecer e ao anoitecer, quando os mosquitos são mais ativos.
Roupas protetoras: Usar roupas de manga longa e calças compridas.
Mosquiteiros: Utilizar mosquiteiros, especialmente ao dormir.
Estes compostos são reconhecidos por sua capacidade de proporcionar uma proteção prolongada contra mosquitos. A escolha do repelente deve considerar a duração da proteção necessária e a sensibilidade da pele do usuário.
Os repelentes químicos são compostos por ingredientes ativos comprovados cientificamente na repulsão de mosquitos e outros insetos. Os principais ingredientes ativos em repelentes químicos incluem:
DEET (dietiltoluamida): Amplamente utilizado, proporciona proteção duradoura contra diversos insetos. As concentrações variam geralmente de 10% a 30%, equilibrando eficácia e tolerância da pele.
Picaridina: Tão eficaz quanto o DEET para muitas espécies de mosquitos, a picaridina é menos oleosa e possui um odor mais suave.
IR3535: Com um perfil de segurança elevado, é adequado para uso em crianças e gestantes, oferecendo boa proteção contra mosquitos e carrapatos.
Se houver suspeita de febre do Oropouche ou dengue, alguns cuidados são essenciais:
Hidratação: Beber bastante água para evitar a desidratação.
Repouso: Descansar para ajudar o corpo a combater o vírus.
Medicamentos: Para alívio dos sintomas, pode-se tomar paracetamol ou dipirona. É importante evitar medicamentos que contenham ácido acetilsalicílico (aspirina) e anti-inflamatórios, como ibuprofeno e diclofenaco, pois podem aumentar o risco de hemorragias.
Procura por assistência médica: Buscar orientação médica ao apresentar sintomas graves como dor abdominal intensa, vômitos persistentes, sangramentos ou sinais de confusão mental.
Atualmente, existem opções de vacina para a dengue, aprovada para uso em várias partes do mundo. No entanto, essa vacina possui limitações, como por exemplo, a recomendação de algumas marcas, apenas para indivíduos que já foram infectados pelo vírus da dengue anteriormente, devido ao risco de agravamento da doença em casos de infecção primária.
Para a febre do Oropouche, ainda não há vacina disponível, e as pesquisas estão em fases iniciais. E à exemplo das vacinas contra Dengue, as primeiras versões devem ter limitações tanto quanto à aplicação quanto ao tempo necessário para imunização eficaz do indivíduo. Portanto, as ações mais eficazes contra mais esta arbovirose, é prevenir, se conscientizar e ficar atentos aos sintomas desde os seus primeiros sinais.
Todas as informações redigidas neste artigo, possuem as seguintes referências:
SILVA, Guilherme. Febre oropouche mata? Entenda a doença que tem sintomas parecidos com a dengue. Agazeta. Disponível em: https://www.agazeta.com.br/secuida/febre-oropouche-mata-entenda-a-doenca-que-tem-sintomas-parecidos-com-a-dengue-0624. Acesso em: 03 jun. 2024.
OLIVEIRA, Matheus. Febre oropouche pode ter ‘inflado’ epidemia de dengue em Minas. Jmonline. Disponível em: https://www.jmonline.com.br/geral/febre-oropouche-pode-ter-inflado-epidemia-de-dengue-em-minas-1.388939. Acesso em: 05 jun. 2024.
G1 Vales MG. Febre oropouche: 96% dos casos confirmados em MG são do Vale do Aço. Disponível em: https://g1.globo.com/mg/vales-mg/noticia/2024/06/04/febre-oropouche-96percent-dos-casos-confirmados-em-mg-sao-do-vale-do-aco.ghtml. Acesso em: 04 jun. 2024.